domingo, 23 de setembro de 2012

[Uma palavra, uma história] Sonho

so.nho 1sequência de imagens produzidas pela mente durante o sono 2 forte aspiração, desejo 3 ilusão, utopia


    Ela sonhava. Era a melhor sonhadora. Tinha os melhores sonhos que alguém podia sonhar em ter. As coisas mais incríveis era ela quem contava, tudo mentira, tudo invenção de sua cabeça enquanto dormia. "Mas parecia tão real...". No entanto não era. Ou talvez fosse. Ninguém realmente se importava. O fato era que ela era também a melhor contadora de histórias daquela região, inventadas ou não.
    Era só a moça colocar um pé para fora de sua casa amarela cheia de flores no quintal, que todas as crianças da vizinhança apareciam em sua volta pedindo que contasse uma história para elas. Ficava atordoada, mesmo que este fato já ocorresse há um bom tempo, isto ainda a pasmava. Como aquelas crianças preferiam ouvir seus sonhos bobos em vez de jogar bola ou pique-esconde? As dúvidas que povoavam sua mente, porém, não eram suficientes para que parasse de contar seus sonhos.
    Assim que era rodeada por seus pequenos ouvintes, a moça lhes presenteava com um sorriso e um "bom dia", falando-lhes que tinha tido um sonho incrível. O que só aguçava a curiosidade já latente dos pequenos. Enquanto se dirigia à praça que ficava de frente à sua casa ia ouvindo as aventuras das crianças, que envolviam lagartos, sapos, carrinhos e ladeiras. Sentava sempre no mesmo banco, e as crianças sentava à sua volta, parando com todo o falatório antes presente, caladas e atentas à qualquer palavra que a sua contadora de histórias falaria. Não podiam perder um detalhe, nada poderia passar despercebido entre o "era uma vez..." e o "fim".
    É verdade que algumas vezes haviam interrupções como "O que significa 'altivo'?" e "Mas por que ele não saiu correndo?", e depois de uma breve explicação, que nem sempre vinha da jovem sonhadora, a história continuava, e o silêncio reinava novamente.
    Após o fim ser pronunciado, uma onda de lamúrias era ouvida, o que sempre causava risos na jovem. Mas onde já se viu, eles ainda querem mais... Em vez de ir se divertir na rua jogando bola. Ela não entendia. Apenas achava mágico o jeito que algumas crianças caiam no sono enquanto contava seus sonhos e histórias. E, quando ia acordá-las, outros respondiam: "Não... Deixa. Eles querem sonhar também".

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